OLD ROCK

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6/18/2007

O SILÊNCIO DOS DIAS QUE VIRÃO...

Estive pensando em você
Pensando nestes dias sem chuva
Águas mentirosas a regarem algum jardim da cidade
Chuva sem nuvens
Nuvens brancas, brancas como tua pele...
Como a folha onde deito este poema.

Sobre a folha em branco, solto estas palavras.
Como se gravasse versos por todo teu corpo alvo
Como se colocasse estrelas cadentes no céu da tua boca
São relâmpagos deitados em minha noite só.
A pálida pele da folha em branco me pede:
- Quero luz!
- Noite escura!
- Quero lua!
O que me importa em meu exílio?
Obedeço.
Mesmo não tendo a chuva morna pra me contar histórias nas telhas.

Nossa lua está minguante
Nossas bocas juntas perderam o rumo
Sem norte
Sem bússola
Nau à deriva
Que mar podemos navegar?

Sobre tua pele branca escrevo meus versos
Em vez de abrir uma janela.
A Minas que nunca vi
Solta seus montes à minha frente
Quero seu ouro
Sua liberdade.
Desejo a cada hora
Cada constelação entrelaçada em teus cabelos
Quero o mar
Sentir suas ondas abraçarem as pernas
Engolir o corpo como uma ostra
Silêncio...
Talvez, desavisado, tentasse pôr sobre tua pele
Odes sobre paixões engaioladas no peito.
Não me deu asas
Não há dilúvio sobre meu deserto de Atacama
Minha sede perdura
Porém, há odres no caminho:
São teus beijos com umidade abaixo de 20%.
Não ligue pras minhas palavras
Elas são meu kit de primeiros socorros
Estão soltas num balão de oxigênio
E eu respiro cada letra
Quando me afogo nesse mar inventado dos teus olhos
Mar sem ondas revoltas
Calmaria que tanto busco
Você, meu cais.

Os versos não têm dimensão
Estão sem escalímetros
Sem sextante
Não dá pra medir a distância
Um palmo?
Milhas?
Não sei, sigo as estrelas.
Parece que foi ontem nosso primeiro beijo
O que vem depois do primeiro beijo?
Aguardo...

Talvez sombras do passado
Pudessem compor árias frenéticas aos teus olhos furta-cor
Talvez pudessem, sob tua janela, cantar serenatas.
Dos dias idos e assim te fazer lembrar
Como é bom ver o passar dos dias
Mas eu, em minha casca, prefiro, ao passares por mim,
Te oferecer o silêncio dos dias que virão.

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