Nuvem solidão nuvem
Abraço mudo entre os olhos e as mãos
Palavra cega tateando em Braile
A folha em branco
Graus negativos na ponta dos dedos
Os versos sobre o fundo branco da folha em branco
Sussurram...
Conspiram golpes contra o silêncio
Como um jovem estudante enfrentando tanques de guerra
Na praça da paz celestial chinesa
Como a mãe segurando o retrato do filho morto
Nas chacinas cariocas e paulistas
Como o tratorista incapaz de demolir a casa dos favelados
Em frente ao poder judicial e policial
Os versos são como revolucionários
A estagnação lhes perturba
A opressão das pautas caladas
Ferem sua ética
Seu espírito irrequieto
O silêncio é gaiola para sua mente-ave
Abre tuas asas verso irrequieto
Voa sobre essa nuvem branca solidão
Dessa folha em branco
E não deixes a vida passar em branco por nós.
11/10/2006
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2 comentários:
Retrataste tudo o que vemos todos os dias e sentimos dentro de nós nesses versos.
Mostras a realidade que machuca, mas é verdadeira.
Parabéns!
(Cheguei ao seu blog por Renato Torres, creio...espero que não se incomode.)
escrita do fragmento
Pascal Quignard o fragmentário
«Há no ler uma espera que não busca ponto de chegada [...] Desconfiemos dos cavaleiros errantes, desconfiemos dos romancistas!» (citação de Quignard, João Barrento, «escala do meu mundo»)
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